tudo pedra

uma foto que tirei do ultimo andar da galeria do rock, mostra uma igreja, um onibus passando, poquinhas árvores e muitos prédios, o céu nublado e cinza, como sempre

são paulo é uma máquina profissional de moer gente, secar sonhos e depois descartar. sem a efervecência cultural que movimentava as ruas, a capital tecnológica do brasil escancara toda a desigualdade que enche o bolso dos faria limers enquanto milhares de pessoas passam fome debaixo dos viadutos.

apesar de nunca ter tido vontade de viver em sp, eu gostava muito de ver os movimentos de arte e cultura que surgiam espontaneamente em qualquer canto da rua. em época de sp arte nas medidas sanitárias, nos resta vagar corredores vazios de galerias sem vida em busca de um lapso de inspiração.

sem a meia entrada, o que sobrou de cultura fica ainda mais inacessível e assim, mais sonhos vão ressecando, virando pedra, amontoando mais entulho na pilha interminável que é essa cidade.

hoje sigo em frente com o sonho de fazer engajaflix acontecer como um mecanismo de resistência a essa máquina, eu me recusso a participar dessa engrenagem e trabalho pra, da forma que puder, conseguir fazer o movimento contrário, reconectar as pessoas à natureza e transformar pedra em arte.